Para a Rede Record

Sabe aqueles e-mails que você manda para alguma empresa e sabe que não vão ser respondidos, mas manda porque ta inspirado no dia? Mandei um desses hoje para a TV Record.

Nunca gostei do jornal do Luciano Faccioli (o "São Paulo no Ar"), mas tinha ignorado solenemente desde o caso Isabella. Por acaso vi uma matéria hoje sobre a Rua Augusta... E poderia ter visto o Chaves!

Fui surpreendido hoje com uma reportagem do São Paulo no ar sobre a Rua Augusta num quadro chamado "São Paulo no ar nas ruas". Reportagem leve, não apelativa, mostrando pontos conhecidos e contando um pouco da história do lugar. Contextualizou o porquê dos espaços com mesas no Cinesesc e exibiu imagens antigas da rua. É o tipo de matéria que valoriza a cidade num jornal local e que pode, no caso, contribuir para eliminar o estigma do centro como um lugar sempre perigoso, numa cidade em que muita gente tem medo de ir ao centro justamente pelo "terrorismo" que telejornais sensacionalistas costumam fazer.

Faltou falar sobre a parte "mais bagaceira" da rua, como foi chamada na reportagem a área entre a Av. Paulista e a Praça Roosevelt, mas isso até passaria batido, se não fosse a capacidade impressionante do Luciano Faccioli de aproveitar qualquer oportunidade para falar alguma besteira. Faccioli disse, no final da reportagem, que, quanto à Augusta de noite, "ficava à gosto do freguês" e que eles preferiam mostrar a "Augusta bonita" (da região dos Jardins).

De longe não é o comentário mais preconceituoso, conservador e limitado do apresentador, que tem feito do "falar merda" um esporte. Mas algumas coisas devem ser explicadas.

Há algum tempo a Augusta "bagaceira" mudou o perfil, sendo um dos locais mais democráticos da noite paulistana. Hoje circulam pacificamente os mais variados públicos numa região que tem, além dos puteiros, cinema, teatros, bares de todos os tipos e casas noturnas novas. Sim, vai "ao gosto do freguês", mas é um espaço que reúne uma diversidade que é a cara de São Paulo, se tornou característica atual da rua, e acabou demonstrando ser uma solução para alguns problemas de violência que existiam na região.

Recentemente a prefeitura de São Paulo, tão limitada quanto o jornalista, começou a pegar pesado com a lei da 1h, que obriga os bares a fecharem antes da uma da manhã a menos que tenham isolamento acústico e estacionamento próprio, fazendo com que mesmo nas noites de sábado a vida noturna da Augusta fique novamente restrita aos "inferninhos". Já começam a aparecer notícias sobre violência, como
o caso dos skinheads que espancaram um policial (e que a imprensa sensacionalista adora explorar). "A lei é para ser cumprida", diriam os jornalistas defensores da moral e bons costumes na Rede Record, mas uma administração pública com mais sensibilidade pesaria os benefícios que a nova cara da rua deu à região e pelo menos seria mais tolerante até que os bares e restaurantes pudessem se adaptar.

Mas tudo isso é muito complexo para ir ao ar no São Paulo no Ar! E, mesmo que fosse para o ar, sem dúvida teria um comentário do Faccioli para fechar a matéria da pior forma possível. Aliás, os comentários parecem fazer subliminarmente sempre a mesma pergunta: "Você não se arrepende de perder tempo com essa porcaria, no lugar do Chaves, Bom Dia Brasil, os programas chapa-branca do STJ na Cultura, o R.R. Soares ou mais cinco minutos de sono?" - e qualquer alternativa parece mais produtiva.

Ainda bem que a Record ainda não "passou" a Globo. Seria injusto isso acontecer enquanto ainda fosse exibido esse tipo de lixo.

Agradeço à atenção, e torço por uma programação que preste serviço e estimule a reflexão, independente do horário.

Se tiver alguma resposta, publico aqui.

SAIBA MAIS
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/cbn/m_sp_070907.shtml
http://www.guiadasemana.com.br/noticias.asp?ID=8&cd_news=17623

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