Edifício sede da Bloch será leiloado de novo

É o que diz reportagem desta segunda no Comunique-se. Segundo o site, o leilão está marcado para o dia 17 de setembro, às 14h, com lance mínimo de R$ 39,9 milhões. O dinheiro será destinado à amortização da dívida trabalhista do grupo, estimada em R$ 60 milhões.

Vai ser o segundo leilão da antiga sede da Bloch. O primeiro aconteceu em 2007, com lance mínimo de R$ 37,1 milhões, valor inferior ao mínimo definido para este segundo leilão. Na época, a Universidade Salgado de Oliveira, que locava o prédio e, portanto, tinha preferência na compra, ofereceu R$ 28.391.000,50, arrematando o famoso e histórico prédio. Mas a venda foi revertida porque mais de 100 ex-funcionários não aceitaram o valor, abaixo do mínimo.

A reportagem do Comunique-se de 13/07/2007, que fala sobre o cancelamento do primeiro leilão, tem dois comentários da assessora de imprensa da TV Record, Tania Athayde, que resumem muito bem o porte do prédio. Tomo a liberdade de reproduzir, ilustrando com fotos publicadas em matéria da Veja Rio de 27 de junho de 2007, que trouxe o assunto na capa:

O prédio é uma obra de arte em si. Projeto de Niemeyer, todo revestido em mármore (internamente e fachada), vidros belgas e pisos em madeira de lei, com centenas de armários. O restaurante da presidência, no 11º andar, tem um jardim no centro com árvores e o lavabo é revestido em alabastro. Os três prédios são dotados de terraços com vista para a Baía de Guanabara, dotados de heliponto. Três cozinhas industriais. Uma galeria de arte, um teatro fantástico, com um monte de camarins. Quatro estúdios de tevê. Um gigantesco estúdio fotográfico com laboratório. Garagens, salões, cantinas. E dois halls de entrada enormes, num deles, foi velado o corpo do velho Adopho. A localização é um espetáculo não só para o jornalismo: na Glória, em frente ao aterro do Flamengo, vizinho do Palácio do Catete e da Igreja da Glória. Fica na Zona Sul, mas é pertinho do Centro, a 10 minutos do Aeroporto Santos Dumont e servido por duas estações de metrô. E ainda tem o valor histórico inestimável.

Não dá pra entregar isso tudo por qualquer dinheiro, né?

É... Nem por qualquer dinheiro e nem pra qualquer um. Mas a idéia é justamente o oposto, é vender pra qualquer um que pague, e independente do que quiser fazer com o espaço.

A decadência é sempre triste. No livro "Rede Manchete: Aconteceu Virou História" muitos funcionários falam sobre a experiência da televisão, que algumas vezes se estendia a outras empresas do grupo - muitos profissionais trabalharam em mais de um dos veículos dos Bloch. Recentemente, o autor do livro, Elmo Francfort, me disse que ainda recebe mensagens de funcionários que se emocionam com o resgate da história da TV Manchete. São histórias, lembranças e perdas bem maiores que o dinheiro a receber, ainda que este também seja importante.

No caso de um império de comunicação como a Bloch, que registrou (muitas vezes em posição privilegiada) praticamente toda a história do Brasil na segunda metade do século XX, e pelo fato da falência ter ocorrido já no ano 2000, poderia existir uma consciência maior de preservação do patrimônio cultural e histórico que aquilo tudo representa, incluindo as fotos do acervo da editora, as fitas da TV... e também o prédio. Mas essa consciência teria que aparecer de forma "bilateral": tanto dos vendedores do patrimônio quanto dos compradores. E isso já seria pedir demais!

SAIBA MAIS
http://veja.abril.com.br/vejarj/270607/capa.html

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