Record pretende retirar conteúdo da Igreja Universal em 2009

O vice-presidente comercial da Rede Record, Walter Zagari, disse nesta terça-feira (11/11), durante 22º Prêmio Veículos de Comunicação da revista Propaganda, em São Paulo, que a emissora vai iniciar um processo de retirada dos programas da Igreja Universal do Reino de Deus de sua grade a partir do ano que vem.

A idéia, apresentada pelo próprio bispo Edir Macedo, é que a programação religiosa da IURD, bem como eventuais horários vendidos a outras denominações, sejam extintos a partir de junho de 2009, conforme reportagem do Propmark. A matéria diz que "a transição vai durar cerca de um ano".

Oficialmente, a igreja arrenda os horários para exibir suas produções na Record. Até mesmo o tradicional "Fala Que Eu Te Escuto" se enquadra nessa condição, ainda que funcione muitas vezes como espaço para exposição de idéias e convicções da igreja - e da TV - sobre temas polêmicos considerados inadequados para discussão nos programas jornalísticos "seculares".

Por exemplo: na madrugada do dia 08 de outubro, dois dias após o primeiro turno das eleições municipais, o tema escolhido da atração foi "Por que em alguns casos a imprensa é tendenciosa?". O colunista do jornal eletrônico sul-mato-grossense CapitalNews.com.br, Marco Eusébio, informou que "a Universal usou vídeos com ex-jornalistas da Globo, como o repórter Rodrigo Viana e Paulo Henrique Amorim, para acusar a emissora dos Marinho de ter manipulado o resultado da eleição entre Lula e Collor, de poupar Jose Serra no caso do dossiê (apesar de veicular denúncias contra o governo Lula) e de uma série de outras artimanhas políticas, inclusive de obter privilégios da Polícia Federal a repórteres da Globo em 'furos' como a prisão de Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf, em que o repórter César Tralli aparece até usando boné de agente federal na reportagem".

Na ocasião, o motivo das denúncias seria o favorecimento da candidatura de Fernando Gabeira (PV) sobre o bispo Marcelo Crivella (PRB), sobrinho de Edir Macedo e representante de partido ligado à IURD. O tema do programa serviu como suporte para a campanha do jornal Folha Universal contra a Globo, que trouxe na mesma semana a manchete "ELEIÇÕES 2008 - Família Marinho em Campanha", ao mesmo tempo em que questionou a credibilidade do jornalismo da principal concorrente da Record.

Caso confirme a decisão de retirar os programas religiosos da grade, ambas terão prejuízos (no sentido literal da palavra). Em prejuízos diretos, a Record perderá uma receita anual de R$ 300 milhões arrecadados com a venda dos horários, e a Universal sua principal vitrine na conquista de novos fiéis - e, convenhamos, se exposição na mídia não desse dinheiro não teria igreja por aí bancando 22 horas por dia em rede de televisão. Em prejuízos indiretos, a perda de espaços como o citado desfavoreceria ambas.

Supondo que a Record mantenha a intenção de eliminar o conteúdo da IURD, resta saber que veículo(s) vai usar para a Igreja Universal. É bem provável que venha uma expansão da hoje modesta Rede Família. Seria a melhor opção para a Record, que ficaria ainda mais competitiva (e, aí sim, a caminho da liderança). Mas quem daria lugar para essa Rede Família menos modesta?

SAIBA MAIS
http://www.propmark.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=49102&sid=4
http://www.capitalnews.com.br/ver_col.php?artigo=lista&idCol=205&idArt=578&nomeCol=Marco%20Eus%C3%A9bio&cat=Colunistas

Comentários

  1. Acho que isto pode te interessar:

    http://radiobaseurgente.blogspot.com/2008/11/por-jorge-vinicius-depois-da.html

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