Oi pensa em comprar SKY

Quando postei aqui sobre o crescimento da Oi na mídia eletrônica, disse, com uma dose de exagero, que esperava que a "liberdade" pregada na propaganda da operadora não se transformasse na liberdade de escolha entre Oi e Oi. O que não esperava é que minha frase pudesse ser tão verossímil!

Depois do processo de aquisição da Brasil Telecom, que foi iniciado no começo desse ano e pode ser concluído nos próximos dias - a finalização do negócio aguarda a assinatura do decreto que altera a regulamentação do PGO (Plano Geral de Outorgas), prevista para esta semana, de acordo com a Folha de São Paulo desta terça - a Oi mira a maior operadora de TV por assinatura via satélite do Brasil, a SKY.

Segundo reportagem de Elvira Lobato para o mesmo jornal, a SKY nega a existência de qualquer negociação, mas a Globo (acionista da empresa) considera que "a venda é apenas uma questão de preço e oportunidade". A matéria apurou que o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco (foto), chegou a se reunir no início do ano com o presidente da DirecTV Latin America, acionista majoritária da SKY Brasil, para negociar a compra da operação brasileira do grupo. O negócio só não teria avançado porque a Oi considerou o preço pedido pela operadora (US$ 5 bilhões) muito caro. Um acionista da Oi declarou à Folha que chegava a duvidar que a SKY realmente estivesse à venda.

Mas a operadora de telefonia não espera a SKY para entrar no mercado de TV por assinatura. A Oi TV já está no ar em quatro cidades mineiras (Belo Horizonte, Uberlândia, Poços de Caldas e Barbacena) devido à compra em 2006 da Way TV, e uma licença de TV por assinatura Direct to Home (DTH, mesmo sistema da SKY) deve trazer a Oi para a briga por assinantes de TV paga a partir do início do ano que vem, com ou sem SKY. Apesar disso, a Globo não considera a novidade como sinal de desistência da compra da SKY, "por causa de sua base de 1,7 milhão de clientes".

A ERA DOS COMBOS
A notícia reforça a idéia de que o mercado de TV por assinatura tende a ser disputado pelas teles. Em entrevista na última sexta-feira ao programa Áudio Papo da USP FM, Luiz Antonio Galebe, o criador do Shop Tour, disse que o aumento da base de assinantes de TV por assinatura é resultado da popularização da banda larga. O empresário afirmou que as pessoas compram, na verdade, a internet de alta velocidade e que a TV vem como "brinde". Faz sentido! Tanto que a Globo - que nos anos 90 se tornou controladora da NET e SKY - afirma na matéria de Elvira Lobato "que seu foco atual é a produção de conteúdo", enquanto as teles investem cada vez mais na distribuição de sinal, oferecidos quase sempre em "combos" que têm como carro-chefe a banda larga.

O resultado acaba sendo mais inteligente. As empresas de radiodifusão, que têm mais experiência em conteúdo, trabalham como programadoras (Globosat, Band, Fox) e as de telecomunicações se especializam na distribuição. A Oi é justamente a exceção com o Canal Oi e a Oi FM, mas os dois existem prioritariamente para promoção da marca Oi.

MONOPÓLIO?
A preocupação mais óbvia no crescimento da Oi é a diminuição do número de players (concorrentes) no mercado, que pode interferir nas tarifas ou serviços oferecidos. Mas enquanto não houver monopólio o consumidor não perde nada. Pelo contrário: as operadoras de telefonia, sobretudo celular, têm adotado uma estratégia de fidelização dos clientes, com aumento da base através da rede de contatos de cada cliente satisfeito. A idéia é oferecer um pacote de serviços e tarifas tão vantajoso que o cliente não troque sua operadora "de jeito nenhum", fazendo com que seus contatos mais próximos que sejam clientes de outras empresas migrem para a "sua", incentivados tanto pela propaganda boca-a-boca quanto pelos descontos e incentivos oferecidos para comunicação "interna" e as "barreiras" (financeiras) para concorrentes, característica comum entre todas as operadoras, e que só é eficaz quando é usada para fortalecer essa estratégia.

Pois é... A Oi quer (e tem tudo para) dominar o mercado brasileiro - provavelmente vai atuar em todo o Brasil na telefonia fixa já em 2009, com exceção do Estado de São Paulo - mas também não descarta planos de “dominar” o mundo. O jornalista Ancelmo Góis publicou em fevereiro que a marca Brasil Telecom seria aposentada pela Oi no mercado nacional, mas seria usada para projetos de expansão no exterior.

Resumindo: se você ainda não é cliente Oi, vai ser. Simples assim.

SAIBA MAIS
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u468825.shtml
http://midiaclipping.blogspot.com/2008/09/oi-fm-expande-em-sp-e-operadora-planeja.html

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