Sobre o fim da Antena 1 no Rio de Janeiro

Não estava em casa na noite desse último domingo e também acabei não aparecendo por aqui ontem. Por isso, só ouvi a transição da Antena 1 do Rio para a Nativa agora.

Imaginava que algum ou alguns dos apaixonados por rádio que produzem as informações que servem de fonte para esse blog estariam ligados na Antena 1 e disponibilizariam o áudio da despedida - e se não disponibilizassem, encontrariam os links de quem tivesse disponibilizado. Não errei: o Rodney Brocanelli acompanhou em tempo real o último dia da emissora no Rádio Base e o Eduardo Sander fez o mesmo no seu blog Patolino.

Tomo a liberdade de reproduzir algumas coisas que ouvi nos dois blogs antes de comentar.


DESPEDIDA CLÁUDIA JONES (20h00)
Publicado originalmente no Patolino




DESPEDIDA ACÁCIA VIEIRA (22h00)
Publicado originalmente no Patolino




DESPEDIDA EULINA RÊGO (23h00)
Publicado originalmente no Patolino




TRANSIÇÃO ANTENA 1 - NATIVA (00h00)
Publicado originalmente no Rádio Base




Antes de qualquer coisa, concordo com Edmauro Novais, que disse nos comentários do Rádio Base que a transição foi "como se alguém fosse na mesa e desplugasse um cabo de maneira brusca e colocasse no lugar um outro com o áudio da outra rádio". No mais, é sempre triste para quem gosta de rádio essa despedida forçada e motivada exclusivamente por dinheiro.

Não vou falar da programação musical da Antena 1 ou das emissoras do mesmo segmento porque isso reduz a discussão às preferências musicais de cada um, e não é esse o foco. Aliás, a maioria dos comentários que leio em outros blogs acabam caindo no "a rádio tal é de qualidade, a rádio XYZ só toca lixo". A questão não é essa! O problema é o que entra no lugar.

A maior perda é trocar um meio de comunicação por uma empresa. Não que a Antena 1 não fosse uma empresa - tanto é que, mesmo com seus quase 30 anos de história se "vendeu" aos Diários Associados -, mas a chegada da Tupi ao FM, assim como é com qualquer AM em FM, não tem nada de comunicação. A "aemização do FM" é só uma paulada no rádio dada por quem teoricamente deveria se interessar em mantê-lo vivo.

Vou "falar" uma coisa que infelizmente não tem se aplicado à minha vida profissional formal, mas é algo que eu acredito e que acho que cabe dizer, por mais que pareça fugir do tema. Acredito que cada aspecto da nossa vida pode trazer um tipo específico de felicidade. O tipo de felicidade da vida profissional é o da realização, e acontece quando você percebe que é capaz de produzir algo que agregue valor positivo à sociedade. Para querer produzir algo de valor, é preciso ter um equilíbrio entre os outros aspectos da sua vida, que vão fazer com que você acredite que a sociedade "merece" essa dedicação. Ou seja: o centro de tudo são as pessoas (ou deveriam ser).

Um parêntese: em cada tipo de trabalho onde exista amor/envolvimento, é possível produzir algo de valor para a sociedade - é por isso que disse que esse pensamento atualmente não se encaixa na minha vida profissional formal. Mas isso existe, e sei de um grande amigo meu que vive isso!

O que eu quero dizer com essa divagação toda é que quando o foco principal deixa de ser as pessoas o negócio não tem sentido. Toda empresa quer ganhar dinheiro, mas a missão de nenhuma empresa é essa. A missão é esse valor produzido. E que valor é produzido quando, num veículo de comunicação, um conteúdo próprio é trocado por um conteúdo repetido? Eu digo que não existe nenhum!

OUÇA TAMBÉM
Rádio Base: A última noite da Antena 1 no dial carioca