E a Scalla FM?

A Scalla FM, que ia muito bem, obrigado, "no seu estilo" e nas mãos da Rede Mundial de Comunicação (antiga Rede CBS), agora é mais uma das emissoras do Grupo Bandeirantes de Rádio, ainda que não tenha sido comunicado nada oficialmente.
Especulações não faltam: já tinham mencionado a possibilidade de estréia da BandSports e a "última" era uma tal Rádio Bradesco Prime. Por enquanto o que se tem não é uma coisa e nem outra... e nem a Scalla FM da semana passada!
Li tudo que achei sobre a mudança, desde o primeiro dia (1º de maio), mas demorei pra escrever alguma coisa porque queria ouvir melhor a nova programação. Quanto à especulação, fico por enquanto com o Radio Base, que opta pela conclusão mais sensata: apostar na Band controlando a Scalla, a princípio, e concorrendo com Alpha e Antena 1 - segmento em que eles ainda não tinham representante.
Se você por paciente, vou tentar resumir o que entendi disso e o que conheço sobre essa mais nova aquisição da Band. Parece que o rádio é cheio de historinhas enroladas, troca-troca de controle e instabilidades!

A SCALLA FM
A Scalla nasceu em 1963 (de acordo com o site da rádio - não achava que fosse tão antiga) e sempre foi especializada em música ambiente (a chamada "música de elevador", que eles descrevem como "as melhores e mais reconhecidas orquestras, conjuntos, big-bands, solistas"). No tempo em que era do Diário do Grande ABC já era a rádio que tocava versões instrumentais de "Besame Mucho" e "Quizás, Quizás, Quizás", mas era uma emissora elogiada e que fazia sucesso (chegou a ter até "afiliada" no interior de São Paulo e em Curitiba - entre aspas porque não existia rede via satélite na época).
Quando a freqüência 99.3 MHz de São Paulo foi comprada pela Igreja Universal, dando origem à 99.3 Sintonizada com a Vida (embrião da Rede Aleluia) a marca foi pra Rede CBS, que já tinha várias outras rádios pequenas na região (ainda não havia Tupi e Kiss, os carros-chefes atuais da rede). Começou o tradicional troca-troca de freqüências, sendo a Scalla talvez a emissora que mais tenha "andado" em São Paulo (já esteve em 102.1, 95.7, 100.5 e no atual 92.5, passando mais de uma vez por algumas dessas freqüências). Além disso, a programação musical ficou mais brega e com mais "cheiro de mofo": enquanto seu slogam ainda era "Requinte e Qualidade" trazia muita coisa no nível de "My Heart Will Go On" com arranjo feito em teclado Cassio ou CCE. Houve períodos em que seqüências inteiras eram repetidas!
Apesar da decadência, a Scalla ainda era uma rádio importante por focar numa faixa etária ignorada pelas demais rádios adultas. Quando passou a ter uma programação mais parecida com as concorrentes, muita gente protestou - tanto que a programação instrumental continuou no site da emissora. Hoje, a "Scalla Instrumental", disponível somente na Internet, é mais parecida com a programação do tempo do Diário do Grande ABC.

EM NOVO ESTILO
A tentativa de trocar a programação instrumental por uma mais próxima da concorrência direta já tinha acontecido antes, mas de forma mais tímida, acho que em uma das passagens da Scalla pelos 100.5 MHz. Provavelmente o perfil tradicional da rádio não era mais tão viável comercialmente pra CBS, ainda que tivesse seu público. Pra mim, a marca também cheirava a mofo! Não sei se acontecia isso pela queda de qualidade da programação musical ou pela falta de profissionalismo da diretoria, mudando a emissora de freqüência toda hora ou repetindo seqüências (que é característica de rádio em caráter experiental ou próxima da falência).
Quando a Scalla mudou oficialmente, em abril do ano passado, parecia ainda trazer um pouco do mofo. Soava como uma tentativa da antiga Rede CBS de ter uma concorrente da Alpha (que já foi do mesmo grupo) usando uma rádio que estivesse ali sem muita utilidade! Mas a programação foi se encontrando aos poucos. Novas vinhetas foram produzidas identificando o slogam "Em novo estilo" na voz do locutor Marco Antonio e foi adotado um padrão de tocar uma música internacional para cada nacional. Com o tempo esse padrão foi abandonado e a Scalla passou a diferenciar a programação musical da Alpha através de um perfil um pouco mais popular. Costumava dizer que a Scalla era uma Alpha mais sem-vergonha (principalmente na época em que a Alpha ainda usava o "Freqüência de Classe"). Enquanto a Alpha era aquela coisa "PSDB-contida", a Scalla era a rádio adulta com Bonnie Tyler,mais Bryan Adams, 14 Bis e Roupa Nova. Já era uma opção pra fugir dos vícios da programação da Alpha, que toca até hoje a Gloria Estefan umas 15 vezes ao dia!
A Scalla FM trouxe um time de locutores com alguns nomes que são a cara da CBS (Omar Zani, Rosangela Alves), renovou um pouco a programação musical e investiu em novos programas, como o Scalla On-line e o Diário da Manhã, com Salomão Schvartzman (foto), ao mesmo tempo em que colocava no ar um site novo, mais moderno e interativo, desenvolvido pela Agência Dot. Enfim, se encontrou e, a meu ver, não só tirou o mofo da marca como ainda deu uma impermeabilizada!

BANDEIRANTES
E, de repente, muda tudo!
Disse no começo que não tinha escrito nada antes porque queria ouvir melhor a programação. E era preciso porque ela está meio difícil de entender, de cara! Tem coisas mais novas, mais soft rock e até R&B e hip-hop americano (como Timbaland e Rihanna). Num dos comentários de leitores do Radio Base dizem que a Scalla está parecendo mais uma rádio jovem. Não é pra tanto! Tirando as músicas de artistas como os citados acima, a programação ainda é parecida com a de uma rádio adulta. Diferente da Scalla (e contrastante), mas adulta.
Acredito que a programação final do período CBS era mais compatível com o nome Scalla, marca ainda fácil se ser associada ao tempo em que tocava música instrumental (e que não demonstrou muito esforço de comunicação para alteração do posicionamento).
Tirando os artistas citados, a programação está melhor, mas acho que deveria ser mudada gradualmente, da mesma forma como a Bandeirantes fez a transição da Band FM popular à Band FM voltada ao público jovem da dita classe C. E acho que se a intenção fosse manter a Scalla, a transição seria feita dessa forma! A Band mostrou que tem know-how.
Hoje a emissora continua com o mesmo nome, mas não parece que vai permanecer assim por muito tempo. As vinhetas continuam sendo usadas, mas nas entradas ao vivo dos locutores novos (a equipe foi trocada), ninguém fala "Scalla FM", só mencionam a freqüência.
O áudio online está diferente do rádio em São Paulo - não sei como está em Campinas. Tudo tem cara de transição, de teste: no final do Diário da Manhã da terça-feira a vinheta com nome dos patrocinadores foi cortada e, em seu lugar, entrou várias vezes a campanha da Bandeirantes contra rádios pirata, incompleta e umas cinco vezes seguidas!
A tendência natural é definir nas próximas semanas qual o novo propósito da emissora. O fato é que, mais uma vez, a Scalla FM volta a uma fase de transição. Para o que, não faço a menor idéia. Acho que a Band deve saber!

SAIBA MAIS
http://www.tudoradio.com/modules.php?name=News&file=article&sid=1159
http://radiobaseurgente.blogspot.com/2008/05/ser-que-band-t-catando-scalla.html

Comentários

  1. Bacana, o blog, Anderson. Já está nos favoritos.

    Nem só de textos pequenos vive a internet. Ainda mais quando o assunto é rádio (e afins), dá vontade de escrever um monte mesmo!

    Abraço e boa sorte.

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  2. ola alguem poderia informar por que a scalla fm saiu de sorocaba sp

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  3. a rede mundial muda de novo sua progamaçao em sorocaba sai d novo a scalla fm entra a terra fm nos 100.5 mhz estranho ja que aos 98.1 da terra fm da capital tem sinal local em toda sorocaba e regiao estranho

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