Diretor da Rádio Capital emite comunicado sobre possível arrendamento

A Magaly Prado publicou em seu blog, nesta terça, um comunicado de Chico Paes de Barros, diretor da Rádio Capital, falando sobre a possibilidade de arrendamento da emissora.

O comunicado, ao mesmo tempo em que ressalta as qualidades da rádio e alguns dos motivos que fazem a notícia beirar o absurdo, acaba atestando que as informações publicadas não são 100% infundadas - ele confirma que houve telefonema de "representantes do missionário David Miranda", "que iriam avaliar o estado dos transmissores" da Capital.

Leia a íntegra do comunicado:

"Na última sexta-feira, 4 de setembro, por volta das 18h30, recebi telefonema do engenheiro Tadeu, responsável pelo setor técnico da Rádio Capital, informando-me que representantes do missionário David Miranda telefonaram para o Jeová, técnico encarregado do sistema irradiante, em Diadema, participando que iriam avaliar o estado dos transmissores na segunda-feira, dia 7 de setembro.

Não autorizei a visita e, além disso, procurei imediatamente a Meire, procuradora do Nelson, dono da Rádio. Demonstrando surpresa, ela, em tom categórico, ratificou a minha decisão.

Os rumores a respeito do possível arrendamento com o compromisso de venda da Rádio Capital aumentaram bastante, depois desse fato do último fim de semana. Tenho recebido muitos telefonemas e indagações de funcionários. Eles querem saber se a Rádio foi mesmo vendida ao missionário David Miranda.

Como Diretor Geral da Rádio Capital, na qualidade de colega de trabalho de jornalistas, radialistas, publicitários e funcionários em geral e tendo em vista o interesse da imprensa e da opinião pública em saber o que está realmente acontecendo com a Rádio Capital (Rádio Novo Mundo Ltda.) – 1040 kHz – 200.000 watts de potência, tenho a dizer o seguinte:

A Rádio Capital AM prossegue com sua programação normal, que a levou ao segundo lugar em audiência entre as rádios AM na região metropolitana de São Paulo e à liderança no período da tarde.

Até o presente momento, porém, a procuradora do dono da Rádio não divulgou informação concreta aos diretores e funcionários sobre a possível venda ou arrendamento dessa emissora criada em 1978.

Os profissionais da emissora receberam com surpresa a notícia não confirmada de que a Rádio teria sido vendida ou arrendada.

Uma vez que a Rádio Capital passou por completa reestruturação nos últimos quatro anos, tornando-se lucrativa e ampliando seu prestígio junto aos ouvintes, esses profissionais torcem para que, no caso de ocorrer a confirmação da venda ou do arrendamento, a transferência do comando seja para um grupo de tradição no rádio paulista, capaz de manter o atual estilo de sucesso e de utilidade pública. Neste período, a Rádio Capital AM tem colocado em prática um estilo de rádio popular com responsabilidade social, valorizado por comunicadores e pelas equipes de jornalismo e de esportes. No campo da fé, a Capital é uma rádio ecumênica.

Importante notar um detalhe: a rentabilidade das emissoras de rádio que vivem do mercado publicitário não tem condições de competir com as vultosas importâncias oferecidas por pessoas estranhas ao meio radiofônico no momento da compra ou arrendamento de emissoras.

Centenas de emissoras de rádio e TV do País já estão nas mãos dessas pessoas ou abrem parte de sua programação para esses grupos. Com isso, emissoras de tradição são descaracterizadas. O verdadeiro rádio vai perdendo espaço. Pode ser a extinção das profissões de radialista e de jornalista do meio eletrônico, como rádio e TV.

Conheço o Nelson, dono da Rádio Capital, há quase 40 anos. Nosso relacionamento sempre foi profissional, inclusive nos últimos quatro anos e meio, período em que dirigi sua emissora. O tempo, o dinheiro, a fama e o poder não transformaram o caráter do Nelson. Ele é um homem simples, bom, sensível e muito humano. Era pobre quando começou a trabalhar; hoje é um dos maiores empresários do Brasil.

Empresário de espírito público, ele sabe que o avanço avassalador de pessoas estranhas ao meio radiofônico, ocupando espaços importantes nas emissoras de rádio e de televisão de quase todos os municípios do Brasil, ameaça o emprego de milhares de jornalistas, radialistas e publicitários.

E mais: Nelson sabe que o serviço de radiodifusão, "embora conduzido por particulares, na essência e na imanência, é público e de relevante interesse social".

Apesar dos fatos mais recentes, confio que o Nelson, pelo menos, mantenha a Rádio Capital em mãos de radiodifusores autênticos. Caso contrário, não só estarão ameaçados os empregos de 60 profissionais. São Paulo também sofrerá prejuízo: o rádio sairá perdendo grande parte de sua voz."

Francisco Paes de Barros

Que bom que Nelson Morizono sabe que o serviço de radiodifusão é "público e de relevante interesse social"! Tomara que não esqueça.

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