TV Brasil: batendo na mesma tecla

Se batem na mesma tecla, vou bater também.

O colunista e editor do F5 Ricardo Feltrin publicou, nesta quinta (20), o ranking dos 20 canais menos vistos da TV por assinatura, de acordo com medição feita pelo Ibope para o Painel Nacional de Televisão (PNT) nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Florianópolis e Campinas.

Os resultados surpreendem por mostrar canais "premium" como Telecine Cult, Max Prime e HBO Plus entre os menos vistos, por mais que o resultado possa ser influenciado pelo fato de que tais canais, assim como o excelente Canal Brasil, estão disponíveis num número restrito (e caro) de pacotes.

Veja o infográfico da Folha/F5 com a relação dos canais:


Minha batida na mesma tecla vem pelo comentário do jornalista da Folha com relação aos canais públicos. Mesmo sem aparecer na lista, Ricardo Feltrin não deixou de citar TV Câmara e TV Brasil, num tópico chamado "Outras no fim da fila":

A TV Câmara, que se safou por pouco da lista, registra 0,1% de audiência (oh! quase o dobro dos fantasmas da TV Senado!). O que isso significa? Em poucas palavras, que estamos jogando dinheiro no lixo. Uma emissora apenas seria de bom tamanho para os Três Poderes. E nem vamos nos estender sobre a TV Brasil, esse cabidão de empregos governista, criada por uma mente arcaica e esbanjadora: custa mais de R$ 400 milhões por ano e, assim como suas congêneres estatais, beira 'traço'.

Em 2009, depois de um editorial da Folha sugerindo o fechamento da TV Brasil e de um "Quem irrita" do Ricardo Feltrin para a mesma emissora, escrevi um post discordando (leia aqui, dando aquele desconto ao tom mais "inflamado" do texto - afinal de contas, já faz mais de dois anos que foi escrito). Mas hoje, mesmo mais moderado, repito que não entendo o motivo da implicância com a TV Brasil, que não apareceu entre os 20 menos vistos e que nem teve a audiência informada na matéria.

Além do mais, a própria justificativa da audiência é questionável: a TV Brasil tem índices próximos aos da TV Cultura, que também nunca priorizou os números do Ibope sobre o conteúdo.

A TV Brasil tem muito a melhorar, mas tem bons programas e cumpre o seu papel. Arcaico e esbanjador seria manter a estrutura das TVs estatais que existiam antes da EBC, que mal se comunicavam ou que eram financiadas pelo governo federal mesmo sendo locais.

No máximo, a TV Brasil é atrasada, porque deveria ter nascido antes. As políticas de valorização das emissoras públicas europeias fizeram com que redes como BBC, RAI, RTVE e RTP (todas públicas) fossem as mais importantes de seus países. No Brasil, assim como nos EUA, as campeãs históricas de audiência são privadas, que podem ser tão (ou bem mais) tendenciosas que as estatais.

O resto é implicância.


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Globo, Record, SBT e Band são canais mais vistos da TV paga (Ricardo Feltrin - F5)


P.S.: aproveitando o assunto, quero comentar uma notícia positiva da TV Brasil ignorada por aí. Enquanto a TV Cultura deu um passo para trás e voltou a sair do ar na madrugada, a TV Brasil, com menos de quatro anos de existência, já transmite 24 horas por dia.

P.S. (2): fugindo do assunto, não concordo com o que o Ricardo Feltrin escreveu sobre a TV Brasil, mas concordo com o que escreveu sobre Christiane Pelajo na entrevista com Eric Clapton: ela perguntou "pela 6.666ª vez, se morte do filho de Clapton (20 anos atrás) influenciou sua música. Não, Pedro Bó. Influenciou a música do Wando".

Não sou o "Leitor Rabugento". =)

Comentários

  1. Mas em compensação, a TV Cultura gera programas em HD, enquanto que a TV Brasil mostra tudo em SD. Nem na época da TVE do Rio, o canal conseguia índices expressivos como a TV Cultura em São Paulo. E dizem, que apesar do corte de custos, a TV Cultura tem uma estrutura melhor que da TV Brasil.

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