A função social da novela do SBT
A nova novela do SBT, "Amor e Revolução", tem sido alvo de críticas negativas desde sua estreia, há pouco menos de um mês. Os diálogos excessivamente didáticos e recheados de clichês são os problemas mais lembrados.
Um dos artigos mais "pesados", escrito por Fernando de Barros e Silva para a Folha do último dia 10, gerou réplica do próprio Tiago Santiago, publicada na edição deste domingo do mesmo jornal. O colunista da Folha tinha afirmado, entre outras coisas, que "Amor e Revolução" não prestava como obra de ficção e nem tinha valia como documento histórico; Tiago Santiago citou as fontes que usou para embasar a pesquisa sobre o regime militar e defendeu a produção e direção da novela - tendo o bom senso de não comentar as críticas com relação ao texto.
Independente dos elementos que mereçam ou não crítica, quero reproduzir o trecho de um dos textos que menciona um aspecto positivo da novela que quase ninguém cita e que é, na minha opinião, a maior - ou única - contribuição que ela traz não só para a televisão, mas para o país: os depoimentos no final de cada capítulo.
O texto é de Eugênio Bucci e está disponível na íntegra no site do Estadão.
Em tempo: o abaixo-assinado criado por militares da reserva da Aeronáutica foi arquivado pelo Ministério Público. O post sobre o assunto foi atualizado.
Um dos artigos mais "pesados", escrito por Fernando de Barros e Silva para a Folha do último dia 10, gerou réplica do próprio Tiago Santiago, publicada na edição deste domingo do mesmo jornal. O colunista da Folha tinha afirmado, entre outras coisas, que "Amor e Revolução" não prestava como obra de ficção e nem tinha valia como documento histórico; Tiago Santiago citou as fontes que usou para embasar a pesquisa sobre o regime militar e defendeu a produção e direção da novela - tendo o bom senso de não comentar as críticas com relação ao texto.
Independente dos elementos que mereçam ou não crítica, quero reproduzir o trecho de um dos textos que menciona um aspecto positivo da novela que quase ninguém cita e que é, na minha opinião, a maior - ou única - contribuição que ela traz não só para a televisão, mas para o país: os depoimentos no final de cada capítulo.
O texto é de Eugênio Bucci e está disponível na íntegra no site do Estadão.
"(...) a novela traz mais do que cenas de ficção. Ao fim de cada capítulo, seres humanos reais, tanto aqueles que defenderam o regime militar como os que o enfrentaram e sobreviveram, dão depoimentos detalhados, em primeira pessoa. Nisso, no uso que faz de testemunhos de gente de verdade ao fim dos capítulos, o SBT apenas copia sem a menor cerimônia a fórmula que fez escola em novelas da Globo, mas, desta vez, o que temos são relatos das vítimas da tortura, num nível de profundidade e numa extensão que nunca se viu na TV brasileira.
Apenas por esses depoimentos, Amor e Revolução já teria valido. Ela ajuda o País a desvelar o tabu, a libertar dos arquivos mortos um assunto que os brasileiros têm o direito de conhecer. Isso não significa revanchismo nem pleitear a devida punição aos torturadores e a seus chefes. Trata-se simplesmente de saber o que aconteceu nas masmorras dos anos 60 e 70 – e só por isso vale torcer para que a nova novela do SBT não sucumba inteira e prematuramente à força imperiosa de seu desastre estético. Torce-se para que o tema da novela ganhe mais repercussão, apesar da própria novela. Quanto ao mais, Amor e Revolução é inestimável por levantar um tema que ainda é tabu, mas é péssima no modo de tratá-lo."
Em tempo: o abaixo-assinado criado por militares da reserva da Aeronáutica foi arquivado pelo Ministério Público. O post sobre o assunto foi atualizado.
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