Sobre o fim da 89 FM e sublocação de concessões


Quem acompanha os sites sobre rádio já deve ter lido sobre o fim da 89 FM de São Paulo, previsto para o fim deste mês. No último dia 28, a notícia foi publicada no Tudo Rádio e confirmada em sites como Comunique-se e Portal Imprensa - o último informou que os funcionários teriam assinado aviso prévio naquela data.

Se especula que a programação da 89 dê lugar à Rede do Bem FM ou a alguma outra religiosa, mas ainda não existe nada confirmado. Aliás, o próprio fim da 89 não foi confirmado oficialmente até agora, por mais que tenha repercutido na internet.

De qualquer forma, e ainda que a notícia já não seja novidade, quero comentar por aqui. Concordo com o que o Rodney Brocanelli postou no Radioamantes - alguns donos de rádio querem lucro sem fazer investimentos - mas quero deixar algumas perguntas que me vêm à cabeça.

Quando a 89 deixou de ser A Rádio Rock, a ideia era diversificar a programação musical para rejuvenescer o público, ficar mais competitiva etc. A estratégia deu certo: hoje, mesmo depois do fim de uma customização (ou patrocínio master), a 89 é a segunda emissora do segmento mais lembrada nas pesquisas de audiência do Ibope.

Mas isso já não é mais suficiente para que uma rádio permaneça no ar. E não é de hoje: em 2009, sem crise aparente, a 103 FM de Sorocaba, afiliada da ex-Rádio Rock que acompanhou a matriz na mudança, foi substituída pelas pregações da Igreja Deus é Amor.

E aí vêm as perguntas:


- Quanto custa produzir conteúdo de qualidade numa rádio musical?

- Quanto uma rádio com esse conteúdo bem produzido consegue faturar com venda de espaços publicitários (considerando ou não aquele mundo utópico onde não existe jabá)?

- O que sobra de lucro?

- O que os empresários esperam de lucro? É um lucro "justo", considerando o custo que se tem para manter a emissora no ar?

- Por que (e pra que) as igrejas pagam tão caro no aluguel de frequências? (essa última é retórica)


O Gabriel Passajou se espantou com a "discreta reação dos profissionais do meio rádio na internet" e fez várias outras perguntas bem interessantes que também vale a pena ler.

O fato é que não é crime o empresário querer ter lucro. Mas produzir ou deixar de produzir conteúdo em rádio e TV não pode ser uma opção.

Também não é novidade dizer, mas os donos das emissoras não são donos das frequências. Eles têm concessões (autorizações) para transmitir em determinado canal/frequência. Transmitir o que? O conteúdo que produzirem - e que também não deve ser qualquer conteúdo.

A sublocação de concessões é um dos problemas que podem matar o rádio "tradicional" no longo prazo. Em 2009 era novidade uma emissora bem sucedida ser desmontada sem mais nem menos. Em 2012, não. Será que não tem nada errado?

Comentários

  1. Acho que Mix FM também teve influência, sendo arquirrival da ex-rádio rock, foi a primeira a ousar em mudar completamente sua programação musical, pois teve essa "visão de futuro", em que se continuasse no pop rock, se depararia com prejuízo em breve, em seguida a 89 FM foi atrás e mudou totalmente sua identidade também, mas agora morreu na praia. A Mix continua ai com o mesmo voz padrão, vinhetas, alguns programas, logotipo e uma rede...

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  2. Olha, não sei se tem algo errado e sinceramente, se tem é de uma possível má administração... A 89 é uma rádio que passou por problemas de identidade duas vezes com relação a sua marca, mas que mesmo assim conseguiu a vice-liderança no público jovem em SP.

    A Mix tem uma pegada diferente, na minha opinião, nem melhor, nem pior, apensas diferente, a Mix não investe muito em plástica, pois é produzida por seus próprios produtores, ela apenas é ligada no mundo jovem, atrai o publico jovem com pouco e isso é pouco investimento e bom retorno, as rádios deveriam se espelhar nessa técnica. Acho que todas passaram por crises de identidade nesses ultimos anos, tanto que a Metropolitana começou a tocar Luan Santana no final de 2010, alguém lembra disso? O fato é que a 89 não conseguiu superar o tombo e tá aí morrendo na praia. Eu como profissional do meio tenho essa visão, mas como ouvinte, eu ainda não consigo acreditar que a 89 vai acabar... É triste =/

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  3. "O Gabriel Passajou se espantou com a "discreta reação dos profissionais do meio rádio na internet" e fez várias outras perguntas bem interessantes que também vale a pena ler".

    Infelizmente, o pessoal tem medo e não tiro parte da razão deles...

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  4. Ah, você perguntou sobre o custo de uma rádio, há quase 10 anos, o Roberto Maia falou em valores: de 40 mil a 50 mil reais. Não sei se esses valores aumentaram de lá para cá. http://www.oocities.org/br/radiogagabr/escritos/roberto.htm

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  5. Acompanhei, não desde o início, mas uma tentantiva que ao meu ver daria super certo: A Rádio Oi FM em 94.1 SP. O conteúdo musical da rádio fugia dos padrões criados e era muito interessante. Me apaixonei pela rádio que me trazia novidades, sonoridades diferentes, não a repetição e o enlatado que tantas outras nos empurram "goela" abaixo. Para quem não gosta de ficar condicionado só ao seu gosto, gosta de pesquisar música, aprender a gostar de coisa nova, era uma rádio perfeita. Com o comando do Fábio Massari e de uma equipe talentosa, a rádio foi minha salvação até março deste ano. Acontece que, mesmo com o patrocínio master (nesse caso de uma operadora de telefonia que deu o nome à radio) a rádio não conseguiu vingar. Com a saída do patrocínio master depois de 2 ou 3 anos como Oi, passou a se chamar Rádio do Verão, na qual buscava patrocinadores. Dificil, em tempos de crise mundial, que as empresas (que é natural: só visam os lucros) materiam um "custo" desses. Aí entram os grupos interessados na faixa de frequencia por 2 motivos: religioso - para entoar as enlatadas orações para deixar seus fiéis mais "alienados" à realidade do mundo físico e engordarem seus dízimos - e, um outro grupo empresarial que tem como objetivo (já que nada está certo pelo governo ainda) talvez leiloar as faixas de frequencia de operação das FMs/ UHFs/VHFs para as operadoras de telefonia operarem o 4G quando esse processo de migração de TV digital e rádio digital (que ainda não saiu do papel e tornaria o papel da rádio mais atraente vide alguns países) estiverem concluidos. Pena, quem perde com isso somos nós ouvintes e amantes da rádio tradicional que temos que engolir a seco isso. :(

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  6. resposta a uma pergunta feita Por Anderson Diniz, - Por que (e pra que) as igrejas pagam tão caro no aluguel de frequências?

    primeira resposta: (porque) porque o evangelio de Jesus cristo o filho de Deus precisa ser anunciado, para que a humanidade tenha a oportunidade de ser salva,

    segunda resposta: (e pra que) Anderson Diniz e todos que ler esse comentario, cada um de nós temos uma alma, voçe já pensou para onde vai nossa alma quando morrermos, Jesus cristo morreu por nós, para nós dar a oportunidade de qundo nós morrermos a nossa alma ir para o céu, mais é Necessário que voçe acredite que Jesus é o salvador da humanidade, o valor de uma alma não tem preço, se voçe tiver uma biblia leia o novo testamento e conheça plano de Deus para cada ser humano Jesus cristo a luz do mundo.

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    1. NOSSA, ENTÃO MORRE DIABOOOOOOOOOOOOOOOO

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    2. Tem hora pra tudo, né? Aliás se é pra se moralizar e dar exemplo, comece escrevendo com um português claro e correto. Por gentileza. Claro que o vício do Anônimo por CAPS-LOCK, também irrita muito.

      Acredito sim que haja espaço para o evangelho via FM, claro. Apenas acho que da forma como o está atualmente, não alcança nem agrada muita gente.

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  7. a bíblia é interessante:começa com uma cobra falante e termina com um bicho de 7 cabeças... quando vc morrer vc vai virar comida de minhoca, o rádio virou caça niquel de picareta. O AM já foi destruido, o FM está indo pelo mesmo caminho infelizmente, e os pastores estão cada vez mais ricos...

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  8. O SR. ANDERSON DINIZ PEGOU NA VEIA QUANDO DISSE QUE ALGUNS DONOS DE RADIOS QUEREM LUCROS SEM FAZER INVESTIMENTO! EXEMPLO DISSO É A 102,1 RADIO ROCK AQUI DA BAIXADA SANTISTA, UMA RADIO SUCATEADA QUE TRABALHA NA BASE DE GAMBIARRA , QUE TEM SEU SINAL PÉSSIMO E A QUALIDADE DE SOM HORRIVEL ! FALO ISSO PORQUE TENHO UM AMIGO QUE TRABALHOU LÁ E ME RELATAVA O QUE ACONTECIA NA GESTÃO DA EMISSORA; TROCAVAM UM DETERMINADO EQUIPAMENTO DE UMA RADIO QUE FAZ PARTE DO GRUPO E O EQUIPAMENTO VELHO ,OBSOLETO, COLOCAVAM NA 102,1 E ASIM SUCESSIVAMENTE DURANTE ANOS! ATÉ POUCO TEMPO ATRAS A FREQUENICA ESTAVA ALUGADA PARA UMA IGREJA E JÁ FOI ALUGADA VARIAS VEZES E AGORA VOLTOU PARA AS MÃOS DO DONO COMO RADIO ROCK ! SÓ QUE É AQUILO NÉ; TOCAR ROCK COM UMA QUALIDADE DE SOM E SINAL HORRIVEL NÃO DÁ! MAS FAZER O QUE, SABE-SE LÁ O QUE SE PASSA NA CABEÇA DE EMPRESÁRIO DE RADIO!

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